Paradoxo
Eu sou
Fiel à angústia que me cria
À confusão, ao seu tormento
À multidão de pensamentos.
Eu sou
Fiel à mão que me fraturou
À vertigem que passou e que voltou
Às delícias do sofrimento.
Eu sou
Sozinha, sua leviana companheira
Escudeira da areia quente
dos escárnios das gentes
E da demência que lhe sussurra ao pé do ouvido.
Eu sou aquela
Que lhe goza o castigo
Que lhe inflige o ferro fundido
Que baila em sua língua trêmula.
Sou a rudeza
A amargura do não que te endoidece
A caldalosa mão que te cia
A mentira que lhe apraz
Sua prótese, sua única companhia.
Eu sou a
Mais leal ao seus grilhões.
Sou eu quem lhe concedo
os perdões e os martírios.
As vontades de ser sempre
um indivíduo perdido
entre saudades e vontades.
Eu sou a
Mais leal à tua febre de artista
Guardiã das malícias
Da virgindade sua
que nunca ceou em minhas tetas
que nunca rompeu em minhas letras
O alimento que sempre desejou.
Vá pra longe,
Vem pra mais perto!
Tu és meu fantoche.
Meu fantasma deprimido.
E sempre hão de notar,
em tua face movediça,
Que fez do louco amor que lhe votei
Um tão frustrado broche.
E o que eu sou???
Pergunte ao seu mais profundo desejo de felicidade.
.
.
.
.
.
"Deslizo para a frente
através da minha mente,
volto sempre ao mesmo lugar.
Silêncio
sem resposta."
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
ResponderExcluirNa busca desesperada de alguma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do Grande Medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.