quinta-feira, 28 de maio de 2009

Edgard Varèse II


Aí segue a segunda parte da obra completa de Varèse.

Este álbum é maior do que o primeiro. Tem mais músicas e talz...


Ah..., enfim. Baixem ai. To com preguiça de escrever.... =)


terça-feira, 26 de maio de 2009


Adeus velho mundo



Bom dia vida nova



Percorrerei a cada segundo



Como o primeiro e derradeiro belo

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estrada além vai

"Vai minha vida, seu caminho é de paz e amor."
A pinga

Pra engolir

O choro

Pra expurgar.

Vá estrada, vá

Que um dia desses te avisto,

de longe,

E vai ser bom te saber viva.
Oxalá.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Poème Electronique


Hoje iniciarei a série musical deste blog - para o delírio da nação (rs). Já que o que até agora publiquei foram poemas (roubados ou meus), então lançarei mão da obra completa do tão aclamado compositor franco-americano (ou francês naturalizado estadunidense) Edgard Varèse.




Vou me livrar de escrever qualquer coisa sobre o cara. Tem muita coisa boa por ai. Inclusive pode-se entrar no Wikipédia e dar uma olhada. Enfim, hoje em dia há inúmeras fontes mais ou menos boas de informação. E aqueles que tem um "faro" de pesquisador relativamente atento, terão bons resultados.




Não foi muito difícil encontrar as obras completas de Varèse na internet. Este mundo virtual facilita bastante a vida de seus concidadãos (rs). É claro que existem nele preceitos que desaprovam algumas atitudes de seus transeuntes. A isso chamam pirataria. Mas, poderíamos perguntar, que diabos afinal pretendem com isso? Pois que o mar é de quem navega, e as caravelas que ali se encontrar hão de, naturalmente, em combate entrar. E seus tesouros, seus bens, já não são somente seus, mas transitam pra lá e pra cá - bailando com a maré. Talvez fique mais claro (inclusive do que se trata a questão, enquanto "legislativa") se colocarmos, inspirados em Marx, que, antes de mais nada, a produção cultural é um bem comum. E agora uma minoria pretende, cooptando alguns intelectuais, lucrar com a contemplação e fruição de outros. Daí, e se os verdadeiros ladrões não fossem os que nos cobram 30 $ num cd com 9 faixas (ou R$2.000 num instrumento basicasso) ?!? É claro que muitos de nós já pensamos nisso, até mesmo intuitivamente; mas quase nunca nos demos conta da profundidade do problema.




Nossa! Que digressão foi essa. Acabei falando mais que queria. Não é, entretanto, totalmente sem propósito. Afinal, é a primeira publicação em que tomo emprestado de outrem, não um poema, mas uma obra musical. Aliás, este link que segue é do album #1. O segundo postarei em breve.




Por fim, como verão na biografia de Varèse, de seu trabalho nos chegaram apenas algumas obras (doze). Isso facilitou a trabalho de muitas naus (rs). Inclusive desta aqui, que vagará por aí com esta magnífica obra. Quem disse que "cada música dele (Varèse) é uma revolução na música", não estava exagerando muito. De fato, Edgard Varèse figura ao lado de eminentes e geniais figuras da música contemporânea, como Arnold Schoenberg. Ouvindo ao trabalho, perceberão a brutal diferença sintática - e, porque não, semântica também (já que o dodecafonismo, o serialismo, música eletro-acústica, etc estão presentes como "estratégia discursivo-musical").




Quanto à "pragmática", ao sentimento que acompanha a audição, o meu foi de estranhamento feliz. De como algo tão novo e díspare pode, ainda, conter um caminho ("discursviidade") poiético-musical inteligível - mesmo que não facilmente assimilável.




Ouçam e experimentem. Boa viagem.




BAIXAR:


terça-feira, 19 de maio de 2009


Meteoro
À Erinaldo.

Dormir

Um novo dia esperar.
Se é que ele vai chagar.
Pois pode ser que o sol
resolva, benevolente,
nos livrar do inestanque sangrar;
E nos prive,
Deixando de lançar seus raios no horizonte,
pouco belo, nunca nosso.
E que, então, pertencer-nos nunca mais irá.

Esta sorte, assim, nos afogaria
no denso olhar, brumoso,

Da noite densa e envolvente.
Que nunca mais nos negaria
um afago quente e piedoso.
Nossos anseios, de dementes que seriam,

Ninguém a eles negaria,
nunca mais ouviriam um não.

O que seria um sim ou um não,
Que peso teria o mundo e que lima uma faca
Se nesse momento, de tão fraca,
para a vida não coubesse mais existir.


(BH, 15/1/9)


E o amanhã? Ele será? É o futuro o fruto do presente - que aqui se encontra?

Se é assim, veremos...

Se será podre ou, mesmo, se vai frutificar.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Interlúdio IV


: Um tanto quanto desafinado,
Ressoa o entrave no caminho,
A crosta acima da cabeça, aquele um palmo frio à frente do nariz,
O não!

segunda-feira, 11 de maio de 2009


A Duras Penas


(BH, 9/1/9)


No curto vocábulo torto meu
Procurei, por vezes muitas, encontrar
a expressão derradeira e justa
para a emoção que perdeu no turbilhão
do dia ou das palavras.
Mas tudo em vão – sem encontrar
Pois ainda agora na minha boca
O gosto que perseguia persiste
E no fino papel não existe
Quase que aroma nenhum
Do traço que lhe quis dar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009


Lux vita errante

Vaga-lume
Vida-lume
Vida-vaga.
Um lume vago
De vaga luz
Vida, que às vezes reluz
E, outras vezes,
Se’apaga

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fome de pão e de não


E derrepente era uma saliva quente e grossa que lhe descia lentamente da boca. Havia sangue seco em seu canto. seus olhos embotados de dedos ásperos denunciavam pranto. Mas não mais havia choro. Na rua, sim, havia o coro da multidão ensandecida a correr por seus trocados e seus bocados. Quanta miséria! E nisso está a cumplicidade de ser humano e jogado estar.


Havia uma estranha e amistosa cumplicidade entre ele, mendigo, e os vermes da calçada. eram pisões. Torpores, rumores, berros inauditos. Era a vida esquecida de si mesma. Era um beijo seco no chão. O chão ardente a responder colando os lábios sequiosos de comida. E havia algo o que comer? Havia o que se fartar... Haviam pessoas aos montes. Variados sangues... Várias linguas e bílis. Seu corpo fatigado ansiava por mais maquises, mais meretrizes, feijão azedo dado por mãos tão prestativas... Solicitude dada por maõs tão azedas... Mas a cachaça não tinha..., então pouco pra ele existia de bom. O mágico no álcool é o dom de maquilar o mal e o mau que em todo, daí, passa a, quando muito, só nos circundar, e não mais a nos degenerar ao nosso existir violentamente usurpar. Sem o de sorver em goles apressados, como quem sorve a vida em seus últimos instantes, nada de mais parecia ter a cor dantes. Com os alcoois residindo em seus neurônios a vida era menos o inferno dantesco. Da vida se poderia rir como se ri ao ver um afresco, mesmo que, em estado outro, seja ela um quadro roto.


Havia, não obstante, uma contradição dura que o partia. Aquilo o que o concedia unidade era, agora, a força que o enfraquecia em seus efeitos colaterais... O dia já ia ao longo à sua volta; ele, sob insuportável trauma, só agora agitava as primeiras moléculas para levantar-se - se conseguisse. Pois a força que antes tinha, fora levada pelo último vapor de cólera, pelo último vento frio que o tocara, pela embriaguês que já não existia. Por uma necessidade indestrincável e perniciosa, seu corpo necessitava, exigia, uma garrafa nova, um gole novo, para um novo dia, que era para esquecer ou, pelo menos, apoquentar a agonia. Quanta força para levantar um braço somente! E a cabeça então. Esta parecia pesar o tamanho exato do seu maul, tamanha era a vertigem ao tentar ergue-la e tamanha a espada rude que seu crânio ao meio cingia. Aquele que, desta "pedra", arrancar conseguisse, mereceria o título de bravo e de requintada honraria.


E o que mais continuaria??... Há uma história por traçar... Assim como aquele sem nome que sobia e descia sua garganta. Malditos movimentos peristálticos num deslizar truncado pelo esôfago, estômago e intestino. E que náusea infinda que não cabe nominar. Tanta provação... Tanto desponto... Tanta dor... E tanta, tanta. E por quê é que não queria ou, ao menos, pensara ou admitia ao seu corpo fogo atear? Poderiam "confundir-lo" com um mendigo ou com um índio ou um perdido e queimá-lo; assim então inocentá-lo da dura vida que ali jogado ia.

Mas não. Ele mesmo se faltava... Assim como a força. E era com toda a força de um raquítico e esquelético desnutrido e desiludido que à vida se agarrava como seu único bem. Pois ela ninguém poderia roubar, trucidar ou extinguir. Se agarrava à garrafa de cachaça mais do que se agarra a uma marmita, e tanto quanto se agarra à propria vida.


E, enfim, ela a ela que se agarrava. Mesmo que pra, depois e por um instante, jogá-la a escorrer em vômitos por um boeiro.